De Eliane Souza - (Midiamax)
A polícia chegou à conclusão que a droga é o grande gargalo a ser combatido, pois ela acaba facilitando o recrutamento dos menores para servir ao PCC, como membros mirins. Entre os principais delitos envolvendo estas crianças, além de vandalismo em grupos organizados em gangues, estão os seqüestros e cárceres privados de famílias em suas residências para roubo de objetos de valor, com visão especial em veículos para venda nos países vizinhos.
“Normalmente os menores agem com maiores. Eles ficam na residência mantendo a família sob mira de arma até que os maiores retirem o veículo da cidade. A organização é tanta que os cúmplices nem se conhecem, apenas na hora de cometer o crime, pois se alguém for pego não terá como delatar”, diz o policial.
Dívida dos pais
Ainda de acordo com o policial, alguns membros mirins do PCC são recrutados pelo corregedor do "partido", como é denominado o PCC, para pagar dívida de vício de pai que está preso. Este corregedor é sempre um maior de idade que vem de outro estado para organizar a facção criminosa fora da cadeia, tanto para bandidos acima de 18 anos quanto menores.
O número de menores comandando bocas de fumo também tem aumentado, não porque são realmente os donos do ponto ou da droga, mas porque acabam chamando para si este compromisso. A força da lei contra ele é considerada “mais branda”. Segundo a polícia, na região Sul da Capital é onde estão os maiores carregamentos de entorpecentes que chegam via Sidrolandia.
Depois é feito um trabalho formiguinha para levar porções menores para outros bairros e abastecer as bocas de fumo.
Mesmo considerados crianças, estes menores acabam cometendo os mesmos crimes que os maiores como, por exemplo, sequestros relâmpagos e morte, seja ela encomendada ou mesmo por despreparo no manuseio de armas.
Aluguel das armas
Como organizador da facção, o corregedor tem há algum tempo outra função: alugar armas para que membros, mirins ou não, cometam os delitos. Esta foi uma maneira encontrada para que o partido não tenha tantos prejuízos com a perda de armas, principalmente sob a cautela de crianças marginalizadas e que, portanto, ainda agem por impulso e acabam caindo nas garras da polícia.
Gangues envolvidas
Campo Grande tem, ao menos, cinco gangues organizadas. Elas são formadas principalmente por menores de idade e normalmente estão sob o comando de adultos que cresceram no ambiente marginal. Nelas também há registros de crianças recrutadas pelo PCC. Até agora, a polícia identificou como mais forte a Conexão Jamaica, pois surgiu no bairro Mata do Jacinto e já se alastrou em pelo menos seis setores.
Os integrantes da Conexão Jamaica são tão organizados que possuem até camiseta e boné que os identificam. Outro “artigo de luxo” dos maloqueiros (termo utilizado entre eles) é a composição de um rap exclusivo para ser cantado por seus integrantes.
Deaji tem conhecimento e planejamento
A delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude tem conhecimento sobre o PCC Mirim na Capital. A delegada titular Maria de Lourdes Souza Cano, porém, garante que é um número reduzido de menores envolvidos. Ela afirma desconhecer o fato de que pais dependentes químicos que estão presos estariam utilizando os filhos para quitar dívidas com o PCC.
Não existe uma situação corriqueira, onde menores praticam delitos para acobertar maiores. “Menor de idade não é uma fonte segura. Ele delata muito fácil o que faz, por isto não são os preferidos dos presos”, diz a delegada.
Ainda de acordo com Maria de Lourdes Cano, já existe um trabalho bastante seguro de monitoramente de menores infratores em Campo Grande, inclusive com identificação de todos os líderes de gangues ou “facções”. “Temos fotos e filmagens feitas pelo setor de inteligência da Polícia Civil e dos investigadores da Deaij. Temos até investigadores infiltrados”, revela.
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